Hoje o blog estreia uma super colaboradora! A magérrima e competente nutricionista Marcella Chulam, que reaprendeu a se alimentar no curso da faculdade de nutrição, vem falar sobre os mitos e verdades relacionados às dietas da moda.
A cada dia surgem novas teorias sobre como emagrecer, fórmulas mágicas nas mais variadas revistas, tanta informação que fica difícil saber o que realmente procede, tecnicamente falando. Acaba sendo até meio perigoso acreditar nessas coisas, afinal com saúde não se brinca!
Então a Marcella vem esclarecer muita coisa pra gente.
E se você ainda tiver alguma dúvida, deixe seu comentário!
Dietas da moda
A dieta do tipo sanguíneo
“Todo mundo sabe um pouco sobre dieta, não é?! As da moda, então… Sempre na ponta da língua de uma amiga que teve ótimos resultados e está disposta a compartilhar seus segredos… o problema dessas dietas é que são, geralmente, bastante restritivas, podendo até levar a uma perda de peso rápida, mas de difícil manutenção e nem sempre de forma saudável.
Aqui no Dona Dica vamos falar de algumas delas, tentando mostrar em que se baseiam e quais suas vantagens e desvantagens. Vamos começar pela dieta do tipo sanguíneo, já que recentemente foi publicado um artigo científico em uma revista super renomada no campo da nutrição falando sobre ela.
Essa dieta teve início em 1982, quando o médico naturopata James D’Adamo publicou um livro sobre o tema, mas o boom veio só em 1996, quando seu filho, e também naturopata, Peter J. D’Adamo publicou o livro “Eat Right for Your Type”, que mais tarde foi traduzido para o português como “A Dieta do Tipo Sanguíneo”.
A dieta propõe que as lectinas, proteínas presentes nos alimentos, seriam responsáveis pelas variações dietéticas necessárias para cada tipo sanguíneo do grupo ABO. Essas proteínas seriam capazes de se ligar às hemácias do sangue e aos órgãos, danificando suas estruturas.
A ideia de que o tipo sanguíneo pode influenciar na vida e até mesmo na personalidade das pessoas é comum em alguns países da Ásia, e já foi até usada oficialmente como desculpa para o comportamento explosivo de um ministro japonês!
Já a relação entre o tipo sanguíneo e o regime alimentar a ser seguido por cada um teria a sua origem na ideia de que o tipo sanguíneo sinaliza para a linha evolutiva de certa população. Assim, aqueles que têm sangue tipo O são descendentes de caçadores e por isso sua alimentação deve ser baseada nas proteínas animais. O tipo sanguíneo A indica ascendência agrícola e, consequentemente, pede uma alimentação basicamente vegetariana. Já o B se relaciona à cultura dependente da criação e domesticação de animais, com alto consumo de carne e laticínios. Por fim, o grupo AB seria resultado da miscigenação populacional, cuja alimentação corresponde a uma junção dos benefícios e limitações dos grupos A e B.
Apesar de tudo isso parecer fazer muito sentido, o artigo “Blood type diets lack supporting evidence: a systematic review”, publicado em abril por cientistas belgas no “The American Journal of Clinical Nutrition”, garante que, após vasta pesquisa na literatura especializada, não foram encontradas quaisquer evidências científicas que comprovem a teoria trazida pelo livro de que alimentos específicos, supostamente compatíveis com certo tipo sanguíneo, possam facilitar o emagrecimento e evitar doenças.
Não tem milagre meninas, o segredo é mesmo uma alimentação equilibrada e exercícios físicos regulares pra manter o corpo saudável e fazer as pazes com a balança!”